sexta-feira, 10 de junho de 2022

Coisas que Escrevo 63 - Um pedaço.

Existem muitas maneiras de começar a escrever algo, e essa é uma coisa que eu sempre fico pensando antes de começar a rabiscar esses papéis. Como eu devo começar o meu texto? Devo seguir como se fosse uma conversa com um "olá, tudo bem?". Devo me apresentar para conseguir um pouco de proximidade com quem estiver lendo "Boa tarde, meu nome é Alfredo.". Devo apenas escrever e indagar algo em comum e aos poucos ir arrumando esse grau de complexidade que virá nas próximas linhas aqui descritas "Você alguma vez já se deparou com...". São tantas formas diferentes de nos expressarmos que eu não sei exatamente como começar, mas acho que no fundo tudo vai depender muito mais do que se quer dizer para aquele que está lendo, e por isso eu decidi começar essa carta rabiscando um pouco sobre o que eu nunca conversaria contigo, porque é a minha maneira de esconder um pouco a dor que estou sentindo por agora.


Ah mas não se preocupe, porque eu sei que as coisas acontecem por um motivo, por um tempo, mas eu não sei se você reparou que o nosso tempo foi basicamente num piscar de olhos e é por isso que eu peguei esse pedaço de carvão e começo a escrever nesse papel de pão as coisas que eu deveria ter lhe dito mas não tive tempo. Espero que você esteja preparado para me ouvir, porque eu tenho muito o que conversar e acho que a primeira coisa que eu preciso lhe dizer é obrigado.


Quantas milhões de cartas, histórias, poemas, filmes não tem isso não é mesmo? Algum texto de tristeza para uma outra pessoa em que ela agradece por todo o aprendizado e tudo o que passou ao lado da outra pessoa. Bem é exatamente isso, por mais clichê que possa parecer é exatamente isso que minha alma grita enquanto vê as suas costas caminhando lentamente ao longe, um grito alto e abafado agradecendo por você estar presente em um momento que eu nunca imaginei que poderia ter apoio. Eu me achava tão diferente de todo mundo, deslocado, perdido, praticamente tinha vontade de me afogar em minhas lágrimas por saber que eu não iria me encaixar e assim como num estalo, você estava ali me fazendo lembrar que eu não estava sozinho, que estava seguro e que os absurdos que eu pensava não eram diferentes, e sim só uma outra maneira de fazer as coisas que as pessoas já estavam condicionadas a fazer, que eu deveria sim me preocupar e dar voz a tudo aquilo que estava dentro de mim, e por essas e outras que lhe digo, obrigado.


Em tão pouco tempo acabamos conversando sobre diversas coisas, algumas coisas mais pessoais como doenças em família que nos levaram a tomar decisões que não imaginaríamos mas que nos fizeram aprender muito mais que o tempo é algo essencial, e coisas mais banais como os gostos em comum que faziam toda a diferença no meio de tantas outras pessoas onde um comentário já era suficiente para usar um certo meme da internet de um certo capitão entendido das coisas. Uma amizade que cresceu muito rápido assim de repente e que agora dói demais por ver que ela não será tão recorrente, e é por isso que eu tenho que dizer essas coisas.


Quanto tempo se leva para construir uma amizade? Elas são instantâneas? Vêm depois de uma prova de confiança? Demora 1 ano para se dizer que é amigo de alguém? E por outro lado por quanto tempo elas duram? Até que alguém vá embora? Até que um problema a afaste? Quando uma opinião política a desfaça? Ela nunca termina?
São diversas indagações não é mesmo? Eu gosto de pensar que uma amizade vai permanecer enquanto ela existir. Meio complexo e sem uma resposta isso, mas é exatamente assim como eu me sinto quando penso em você. Veja, eu te conheço a o que? Três meses? E eu estou aqui me debulhando em lágrimas enquanto escrevo nesse papel velho, me desculpe pelas manchas, o que estou sentindo no momento que meu amigo me contou que precisava partir. Eu sei que não vamos mais falar sobre nosso dia sempre, que eu vou estar ocupado fazendo aquilo que você me ensinou e que você vai estar fazendo aquilo para o qual foi chamado, mas eu tenho certeza que o meu carinho por ti não vai só diminuir ou acabar porque um pedaço de ti ficou gravado em mim.


Acho que isso acaba sendo o que eu preciso te dizer. Não se preocupe amigo, porque nesse pouco tempo eu aprendi tanto com o seu jeito, o seu caracter, o seu carinho, o seu respeito, o seu amadurecimento, o seu nervosismo, quando irritadiço, que você vai deixar uma grande carga de você em meu crescimento. Eu lhe digo com toda a certeza que eu não sou a mesma pessoa que fui a três meses atrás e que vou lutar muito para as coisas aqui sem você sejam tão boas como quando você estava, para que você não pense nem por um segundo que não tomou a melhor decisão. É para isso que os amigos estão aqui, para lhe dar segurança e estar ao seu lado em qualquer que seja o momento em que você precisar. Enquanto te vejo se distanciar de onde estou só me resta levantar meus braços, balançar ele ao vento e chorar, não porque estou triste, mas porque estou feliz que você está indo para um lugar maravilhoso, e que a sua marca aqui ficou assim como tenho certeza que por todos os lugares por onde passou. 


E sabe esse pedaço que ficou aqui comigo? Pode ter certeza que ele está junto de tantos outros que venho juntando por toda a minha vida, e que guardo com carinho de cada um que já esteve ao meu lado. Seja por três meses, uma semana, nove anos, um mês, vinte e oito anos, dois dias, trinta e quatro anos, são tantos pedaços, cada um a sua maneira e olha, tem pedaços aqui que eu não me lembro de onde vieram porque viver é isso, é aprender com pessoas maravilhosas como você, com filmes perfeitos, desenhos tristes, familiares chatos e qualquer coisa que lhe marque.


Por isso, vá e seja aquele que você está destinado a ser, e se não acreditar em destino tudo bem, só continue sempre sendo você.


Do seu amigo.



Fernando Vilela Paciencia.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Coisas que Escrevo 62 - Egoísmo por Ameixa.

Olá, meu nome é Arthur. 


Hoje eu vou contar para vocês sobre um momento muito importante em minha vida, o qual eu gostaria de compartilhar um pouco do que aprendi nesses meus 87 anos, é engraçado de se pensar, mas foi à alguns meses que eu finalmente entendi o quanto eu sou Egoísta e de lá para cá, a minha vida tem mudado muito. Eu poderia dizer até que mudou mais do que nos outros 31.755 dias anteriores.


Bem, vamos ver por onde eu posso começar? Eu acho que falar um pouco sobre mim é um bom ponto de partida. Oi, meu nome é Arthur, mas eu já disse isso não é mesmo? Acho que estou um pouco nervoso e me desculpe por isso. Hãm, eu tenho 87 anos e você também já sabe disso não é mesmo? Puxa vida, me desculpe, mas é que eu trabalho com atendimento ao cliente e... Ei, isso eu não tinha dito! Bom, eu trabalho com atendimento ao cliente basicamente toda a minha vida. Eu comecei lá por volta dos meus 12 anos ajudando em uma venda de garagem que minha tia tinha com muito custo organizado, e lá a gente acaba vendendo de tudo. O pessoal do bairro onde eu moro acabava sempre passando por lá para pegar uma cartela de ovos, balas, um chocolatinho pra depois do almoço, um elástico pra segurar algumas canetas que você podia encontrar ali também e todo tipo de coisa variada que você possa imaginar.


Como eu morava do lado de sua casa, eu meio que sempre estava por perto e mesmo que eu não era um empregado oficial, sempre que podia eu ficava de olho para ajudar no que pudesse, seja em dar uma olhada enquanto ela ia ao banheiro, ajudar a atender quando tinha algum movimento ou só preenchendo as palavras cruzadas por horas a fio esperando algum dos clientes que em algum momento ainda iriam passar por ali. Acho que essa foi a minha primeira experiência com o atendimento a outra pessoa que não fosse eu e eu tentava muito fazer o que achava o mais certo sabe? Eu tentava decorar os nomes dos clientes para recebê-los com um "Oi Marcos, como vai a Joana?" ou então "Gabriela vai querer aquela bala de Cola de sempre?", e no meu bairro aquilo era bem comum.


Com o passar dos anos, a puberdade, escola eu fui ficando mais atarefado e deixando de ter um tempo para ajudar ali na vendinha de garagem de minha tia, mas eu gostava muito daquele sentimento sabe? Eu sou útil e ajudei alguém, você sabe como é isso? E meio que isso foi me motivando sempre em minha vida, ajudar as pessoas, fazer com que elas se sentissem bem, ajudar no que eu podia, já planejar o que talvez a pessoa quisesse porque eu a conhecia e porque não fazer esse tipo de coisa por quem a gente gosta?


Ah os anos foram passando. Meus empregos foram sempre assim desde então, vendedor, call center, suporte técnico, o cara do computador que vem arrumar quando algo se quebra, e desde sempre eu levei no fundo do meu coração essa vontade de ajudar, fazer o diferente, não ser um cara que dá bom dia e faz o que tem que fazer para ir embora, eu tentava ser o cara que estava presente quando estava ali e não só para te ajudar se você estava com vontade de comer um doce. Não. Eu sempre pensei em ser um cara que podia te ouvir se você está passando por algo e fazer algo por você antes de qualquer coisa, porque eu tinha esse desejo, de ser tão presente na vida das pessoas, como elas seriam na minha sabe?


Passei por Estágios, passei por Empregos Bons e com certeza Empregos Ruins, passei por Temporário e até mesmo Por Conta, e sempre tentando zelar pelo melhor tipo de atendimento que você iria receber independente do que eu estivesse fazendo. Eu falo a sua língua e consigo entender o que você precisa. Eu te conheço não é mesmo, então porque não fazer esse tipo de coisa por quem a gente gosta, poxa vida?


Nessas tribulações todas do dia a dia eu conheci uma moça que veio a ser o amor da minha vida. Ah como eu a amei, e não eram poucas as vezes em que conversávamos e ela dizia que eu a conhecia melhor do que ela mesmo. Era incrível perceber que sabendo ouvir e prestando atenção direitinho, as pessoas dizem coisas mesmo sem falar uma palavra! E eu tentava prestar atenção em tudo. Ah não, não é o que você está pensando, que eu tinha um caderninho que anotava qualquer coisa sobre as pessoas a minha volta, não era isso não. É que eu estava ouvindo quando me falam alguma coisa e assim quando eu andava na feira e via uma ameixa, por mais que eu deteste ameixa, ah não, isso é ruim! Sério! Mas por mais que isso acontecesse, eu lembrava que Lídia adorava comer uma logo pela manhã depois de um dia cansativo de trabalho, pois como ela trabalha num hospital e fazia o turno da noite, sempre chegava em casa cedo e tomávamos um belo café antes de eu lhe dar um beijo e ir ao trabalho. Ah como eu a amei.


Não, nosso amor não deu nenhum fruto, eu sou estéril e por isso nunca fomos agraciados, pensamos em adotar uma vez, mas espero que não me julgue, mas ambos não nos sentíamos prontos como um casal para cuidar de alguém e eu acho que isso veio a fazer sentido depois. Meus clientes sempre reclamavam de suas vidas e afazeres e eu achava aquilo tão complicado, que sempre que conversávamos acabávamos dizendo uma frase engraçada de um filme "estamos velhos demais para isso". Hahaha, quem diria que aos 40 anos você pode se achar velho para alguma coisa, mas nós nos achávamos.


Bom, acho que agora já posso começar a falar um pouco sobre essa minha grande descoberta não é mesmo? E tudo começou quando eu comecei a perceber que Lídia estava diferente. Aos poucos os cafés foram se atrasando e ela chegava mais tarde ou eu mais cedo e acabávamos por não nos vermos, e no aos finais de semana, bem meus clientes precisavam de mim, e ela já não gostava tanto quanto eu passava horas tagarelando sobre isso, e eu devagar fui parando para não aborrecê-la, era o que ela queria. Com o passar do tempo não conversávamos mais e para não atrapalhar o seu sono, eu a deixava dormir ficando na sala, comprava um saco de ameixa e deixava na fruteira para ela comer quando tivesse vontade, deixava bilhetes dizendo que iria sair mas ela nunca os leria. Eu só fazia as coisas que ela queria, então um belo dia ela se foi.


Ah não se preocupe, é que eu a amei muito e me dói lembrar dela, mas podemos continuar sim. Ela não me deixou uma carta nem nada, ela só não voltou do trabalho e eu já sabia porque o senhor Michel tinha passado por isso com a ex esposa, ela deveria estar na casa de sua irmã agora, e ela estava muito, muito brava comigo, porque eu ligava e ela não me atendia, então eu respeitei a sua vontade e esperei até que ela me ligasse.


Meus clientes quando souberam ficaram surpresos e disseram que ela logo voltaria! Pois é, era esse tipo de coisa que eu precisava ouvir então eu continuei trabalhando, tentando não é mesmo? Porque aos 70 anos, a gente se esforça muito para conseguir algum dinheiro por aqui, e com essa aposentadoria eu não consigo nem pagar pelas ameixas...


Foi então que a dois meses eu recebi uma ligação e fiquei muito surpreso, era Larissa a irmã de Lídia, dizendo que se sentia muito só e que mesmo que a briga com Lídia que acontecera a 30 anos ainda pudesse doer, a falta desses anos todos de falar com a irmã era muito mais dolorida. Ah eu não contei? Puxa vida! Lídia e Larissa tinham brigado a alguns anos, e tudo porque numa festa de Natal elas levaram um mesmo Pavê. Dá pra acreditar? Um Pavê e olha que eu tinha dito para a Lídia que conhecendo a irmã dela, era melhor elas combinarem o que levariam antes, mas ela naquela vez não me ouviu e a briga foi feia. Envolveram até a Dona Clotilde a vizinha, pra ela dizer qual era mais gostoso, mas por elas não levarem em consideração o que uma ou outra fazia desde que eram meninas, ficaram sem se falar até que uma desse o braço a torcer.


Foi nesse dia que Larissa deu o braço a torcer. Eu fiquei surpreso, pois Lídia havia ido para a casa dela não? E nunca mais ligou ou me procurou? Mas não foi isso. Larissa não ouvira notícias da irmã a anos e agora eu e ela, as únicas famílias de Lídia estávamos totalmente desnorteados. 


Um velho de 87 anos que não tem notícias da esposa a 17.


A minha necessidade de atenção foi tanta, eu queria tanto ser visto que desde sempre eu só fazia o que eu queria e jogando a desculpa nos outros. É uma linha extremamente tênue.
Lídia nunca me atendeu, mas ela poderia me atender se quisesse?
Lídia começou a chegar mais tarde, mas ela queria começar a perder os nossos cafés?
Lídia adorava ameixas, mas será que elas tinham o mesmo sabor quando ela estava sozinha?


Foi ai que eu percebi, eu não estava me doando ou cuidando das pessoas a minha volta. Eu estava enfiando goela abaixo tudo o que eu queria ou achava que era necessário para que as pessoas gostassem de mim. Eu passava dos limites com tanto medo de rejeição que criava um mundo onde as pessoas precisavam tanto de mim que eu não tinha outra saída a não ser fazer isso por elas. Eu só falava delas o tempo inteiro porque eu tinha essa vontade de estar presente e me mostrar presente. Eu deixei de ajudar a minha tia porque ela estava pensando em fechar a vendinha mas eu nunca perguntei se ela queria algum outro tipo de ajuda. Eu sempre fiz o que eu quis, sem perguntar a ninguém o que talvez quem sabe elas pudessem querer que eu fizesse ou não. A minha vontade soberana de saber o que é melhor para cada um me apoderou como um Deus na vida das pessoas e elas se curvariam ao que eu lhes daria ou elas não seriam felizes. Eu me tornei um monstro.


Ao desligar o telefone, com 87 anos eu peguei o meu carro e dirigi ao hospital onde Lídia trabalhava e ela havia pedido demissão a mais ou menos 17 anos. Eu fui aos locais que costumávamos ir e a polícia e nenhuma notícia de seu paradeiro. Eu chorei. Chorava todos os dias antes de sair a sua procura, e todas as noites quando os meus velhos pés que já não aguentavam meu peso reclamavam do meu peso por ter andado o dia inteiro atrás de minha Lídia.


Dois meses eu procurei incansavelmente, e tarde da noite na curva em S antes de chegar até em casa eu perdi a direção de meu carro e caí morro abaixo. Eu não me lembro bem como eu cheguei até aqui, lembro de luzes, um barulho de sirene ao fundo e acordei aqui no hospital, milagrosamente só com a bacia quebrada e sem enxergar nada porque meus óculos se partiram no acidente e ainda não vieram me trazer um novo, a duas semanas pela data do jornal e agora eu estou esperando para saber o que quando eu vou poder levantar e andar por ai procurando por ela.


Ah muito obrigado por ter ouvido minha história moça, eu só gostaria de dizer uma única vez para a minha Lídia que eu não fiz nada por mal, eu só estava cego como uma topeira, como agora mas que eu a amo mais do que a minha vida e se pudesse eu faria tudo diferente para estar com ela e não ter perdido todos esses 17 anos, eu acho que eu abraçaria o meu Egoísmo, e tudo porque eu seria egoísta por querer ela pra mim, por mais um única vez. E moça, como você se chama?


Laura, é um nome bonito. Ah você nasceu nesse mesmo hospital? Puxa vida, e você mora aqui também? Que coisa! Nossa, sua mãe está na cama ao lado em coma, e você cuida dela desde que teve idade? E as pessoas do hospital te tratam bem? É fascinante que um bebê que nascera depois de de um trágico acidente de carro tenha sido tão bem cuidado, e que você pode ficar aqui sem complicações cuidando da sua mãe. Então ninguém sabe quem ela é porque não identificaram seus dados e como ela está em coma... Entendi, é engraçado você dizer isso, porque Lídia tinha um condição que o pessoal do hospital não sabia o que era, e foi a razão dela ser médica, que era entender porque não se tinha nenhuma informação dela em nenhum tipo de exame, era como se ela fosse uma desconhecida se não fossem seus documentos. Hahaha.


Que movimentação é essa na cama da sua mãe Laura? Ela tá bem? Socorro! Enfermeiras! Ajuda! Ei eu estou bem, é a moça ali do lado a mãe dessa jovem aqui! Não quero dormir nãoooo...


Olá, ah é você Laura? Puxa, sua mãe acordou?! Nossa que coisa feliz! Será que ela ouviu cada uma das coisas que eu falei e acabou acordando porque teve raiva de um velho doido egoísta? Desculpe por isso. Olha só senhora, você já está ficando de pé? Que coisa maravilhosa, a vida de vocês será tão incrível, e claro, eu adoraria ganhar um abraço sim.


Você me ouviu? Puxa vida! Então o que dizem mesmo que as pessoas ouvem mesmo durante o coma é verdade? Desculpe eu acho por ter te acordado, eu faço muito isso, atrapalho a vida das pessoas fazendo o que eu quero. Ah eu adoraria um presente sim, mas não precisa chegar tão perto senhora, sabe eu sou casado... Ei porque você está chorando? E nossa... Que coisa gostosa! É uma... uma... Ameixa.................. Lí.......... di........ a.



Fernando Vilela Paciencia.

sábado, 31 de outubro de 2020

Coisas que Escrevo 61 - Uma Semana Difícil.

Uma semana difícil. 

Com toda a certeza você já passou por uma dessas não é mesmo?

Essa semana pra mim foi uma que ficou de "parabéns" se comparada a tantas outras que eu já tive.

Eu não sei você mas eu meio que até me acostumei com dias assim.


Não é como se eu pudesse controlar sabe? 

Eu estou só vivendo meus dias e parece que alguém liga um botão de "problemas" e eles vão então começando a aparecer um depois do outro.

O trabalho que estava entrando na linha acaba tendo uma decisão errada que influencia em toda sua equipe.

Os amigos que você conversa todo dia começam a se sentir donos da verdade e só dão lição de moral em cima de suas conversas que nem são relevantes.

A família que deveria estar sempre aconchegante, parece mais que estão se isolando para não ter que olhar na sua cara, por causa da Pandemia talvez, mas você sabe que não.


Uma semana difícil.

No meio de tudo isso é bem difícil se centrar em coisas legais e eu por exemplo vou ficando de saco cheio até das coisas que gosto.

Deixo de me distrair, deixo de me divertir, deixo de me cuidar e tudo a troco de que?

De uma semana que está totalmente além do meu controle em que tudo resolveu acontecer de maneira mais errada sem que eu conseguisse segurar.

Mas será que esse é realmente o sentimento que eu deveria ter?


A semana foi difícil sim, mas porque eu sempre tendo a ver as coisas por uma perspectiva tão ruim?

Não tenho soluções que possam ajudar no trabalho, mas eu não deveria tentar pensar em algo?

Se o meu amigo está sendo um babaca, eu não seria amigo o bastante pra dizer isso logo para ele? Afinal, somos amigos e amigos são sinceros um com outro certo?

Se a minha família tem se distanciado, porque eu só vou deixando, fazendo com que cada vez mais a linha se estique e a volta seja mais difícil? Eu posso não ir lá dar um abraço apertado mas, essas coisas digitais tem que ter mais serventia nesses momentos não é?


Olha é bem difícil, eu sei. Eu hoje acordei e não estou a fim de fazer nada, só fechar meus olhos e esperar passar esse dia.

Mas é aí que eu preciso sempre me lembrar, esse dia que eu vou deixar passar nunca mais vai voltar.

Eu conto sempre como um dia sem fazer nada mas essa deveria ser a minha preocupação, perder 24hs do meu dia sem nem ao menos fazer com que ele seja melhor.

Isso é justo comigo?


A semana foi difícil sim, aconteceram coisas que eu não gostei sim e por causa disso eu vou ficar 24hs sem nada? Não é como se eu pausasse um vídeo não é? 

Não. A minha vida vai passar eu querendo ou não. O dia vai terminar e eu vou entrar em um ciclo por não ter feito nada. Tive uma semana difícil e a próxima semana não vai melhorar. É, esse é o fato, a próxima semana não é melhor, ela tem acontecimentos, pessoas, conversas, tudo igual a essa, então o que diabos acontece?

Acontece que eu vou fazer as coisas de maneira diferente e assim eu nem vou perceber que essa nova semana foi difícil, eu já fiquei na fossa semana passada então nessa nova vai ser melhor.

Nem sempre funciona regrado assim, mas é essa a impressão de costume que eu tenho.


Uma semana difícil com coisas ruins vem, me deixa no chão por um tempo, a próxima semana aparece e eu decido o que eu vou fazer com ela. Mas então, sendo fácil assim, porque eu já não decidi semana passada que a semana seria boa e não difícil?

É esse o truque, a gente nunca se prepara e vamos deixando as coisas do dia a dia nos atingir. As vezes mais, as vezes menos, mas sempre são as coisas que acontecem que acabamos absorvendo e não dá, não é algo tão fácil de manipular, tudo vai vir com o momento que você estiver, com o coração machucado ou alegre em que você se encontrar e só quando acontecer é que você vai perceber.

Se fosse fácil decidir quando uma semana vai ser fácil ou difícil acho que a gente perderia esse conceito não é verdade? Tudo o que eu posso dizer hoje é que eu mesmo preciso melhorar.

Ah não eu não vou dizer que a partir de agora vou olhar a semana como bons olhos porque tudo vai dar certo. Não. Eu posso ser atropelado por um burro e isso não vai fazer meu dia melhor, com certeza se isso acontecesse, essa seria uma semana difícil.


Então o que afinal de contas eu quero compartilhar com tudo isso aqui? Gente semanas difíceis vão acontecer, e sempre vai ser assim. Mas está tudo bem.

Muitas vezes as coisas vão acontecer e sempre vai ser a maneira com a qual lidamos com isso que fará toda a diferença. Como você encara a perda de emprego? Como você encara a briga em família? Como você encara um atropelamento por burro? Tudo isso e muito mais vai depender de você mesmo, e a gente nunca vai estar preparado.

Mas sabe de uma coisa, a gente não precisa se preparar. Essas coisas acontecem e nos fazem pensar e chorar e refletir, e tudo o que eu estou escrevendo aqui é para que você não encare essas coisas só esperando que algo melhore.

Não perca 24hs de seu dia, 48hs, etc. Se você teve uma semana difícil e não quer fazer nada, faz uma pipoca, manda uma mensagem para alguém que goste, veja um filme, sente na frente do computador e escreva um post, se force a fazer alguma coisa, por menor que seja, diga a alguém que você o ama, a gente nunca sabe como foi a semana dos outros, mas a gente sempre vai saber como foi a nossa.

Não deixe a sua vida passar sem fazer nada. Pode parecer não produtivo, mas no momento em que você olhar mais para você, isso fará toda a diferença.


Minhas semana foi difícil mas hoje, eu fiz alguma coisa!




Fernando Vilela Paciencia.

domingo, 20 de setembro de 2020

Coisas que Escrevo 60 - Amyr, a Amante.

Hoje eu irei lhes constar a história de Amyr, a Amante.


Nossa nobre protagonista era uma mulher simples. Cheia de vida, voluptuosa, feliz e dona de uma humilde, mas acolhedora Taberna em um vilarejo de nome Troux. Como todos os outros aldeões desta pacata vila, Amyr tinha uma vida bem tranquila, fazendo coisas bem simples no seu dia a dia, mas quando a noite chegava, tinha algo que não a deixava dormir por uma noite completa. O que acontece, é que Amyr era muito apaixonada por um certo homem da vila já a alguns anos e não importava o que fizesse, ele não ligava para ela. Eles sempre moraram na mesma vila e ela o conhecia desde sempre, a vila sendo pequena como era, mas um dia de chuva como outro qualquer quando ela o viu, seu coração se encheu e ela soube que estava apaixonada. Tentara o esquecer desde então por seu amor ser impossível. Esse homem sempre estava mais preocupado em cuidar de todos a sua volta e ele acabava não prestando atenção a quem o amava em segredo. Isso fazia com que o coração de Amyr ficasse triste todos os dias antes de conseguir pregar os olhos, e não importava o tempo que passasse, ela não se esquecia desse que era o maior amor que já havia sentido em sua vida. Cartas de amor que não entregara, momentos a sós com ele que inventava desculpas para não se declarar, seu coração palpitando sempre que ouvia a sua voz, eram só algumas das coisas que Amyr sentia por ele. Sem nenhuma razão, ela só o amava incondicionalmente e o queria em cada segundo de seu dia.


Num dia como qualquer outro, um viajante de terras distantes chegou até a vila de Troux e como todo bom viajante, procurou pela taberna mais próxima para ter uma boa comida e algum lugar para descansar sua cabeça. Ele então se dirigiu até a Taberna de Amyr sem muitos rodeios. Franzino, pequeno, com um sorriso no rosto, cabelos negros como petróleo, uma franja bem grande que lhe cobria os olhos e cheio de bagagens em suas costas, adentrou a Taberna procurando algo para comer antes de se hospedar de fato. Amyr vendo aquele recém chegado, colocou em seu rosto o melhor sorriso que pode conseguir depois de mais uma noite mal dormida e quando ela o recepcionou, para sua surpresa, o viajante assim como se dissesse bom dia, lhe falou que poderia lhe dar o que ela tanto queria sem muita delonga, desde que ela o encontrasse fora da cidade na próxima noite, noite esta que seria de lua cheia. 


Amyr sem acreditar na proposta sem sentido que ouvira riu e não deu importância ao que balbuciava o viajante. Pensou consigo mesma e achou que ele um jovem fora de suas faculdades mentais, talvez por estar a algum tempo sem comer ou pela fome ter ingerido algum cogumelo alucinógeno, mas fato é que ele deveria precisar se recuperar o mais breve possível e já tratou de ir lhe adiantando alguma coisa para comer enquanto esperava o prato do dia, que viera a pedir logo em seguida. Só que quando Amyr lhe trouxe o que comer mais surpresa ela ficou quando ele disse o nome de seu amado ao seu ouvido bem baixinho, quase como um sussurro e como um estalo, algo nela lhe disse e confirmou que este viajante poderia mesmo saber sobre seus verdadeiros sentimentos, mesmo que ela nunca o tivesse visto.


Acreditando nesse franzino rapaz sorridente, Amyr tratou o resto da noite com muita ansiedade mas sem deixar transparecer qualquer coisa e tratou de providenciar o jantar que ele lhe pagara e um de seus quartos que estivera sem hóspedes para que ele pudesse descansar de sua viagem. Tentou puxar assunto com o jovem, mas depois disso ele nada mais disse e apenas sorria e acenava quando lhe fizera algumas perguntas enquanto outras que poderiam lhe dar mais pistas sobre quem seria ele ficaram sem resposta alguma. No fim da noite, Amyr tinha muitas dúvidas em seu coração sobre quem seria esse rapaz, mas ele por alguma razão lhe parecia verdadeiro então ela decidira que faria como ele lhe dissera, então no dia seguinte, ela avisou para as pessoas que trabalham com ela, que iria trazer provisões para reabastecer algumas coisas que estavam faltando e aguardou nas extremidades da vila até que a lua pairasse no céu, se preocupando é claro em levar algumas coisas para fingir que comprara em sua saidinha de mais cedo e não estranhassem quando estivesse voltando. 


Assim que a Lua apareceu na noite mais limpa que a muito tempo não se vira, o rapaz franzino apareceu como se tivesse sido invocado das sombras e assim que viu Amyr sorriu e lhe disse que poderia lhe dar o amor de seu homem em troca de algo que ela não usava mais, não era algo material, era só algo que quando ela tivesse o amor não faria mais uso então não seria como se ela sentisse falta do que não usa, certo? 


Sem saber exatamente como reagir a este tipo de trato que este jovem acabara de lhe propor, a primeira coisa que Amyr podia pensar era afinal de contas, quem diabos era esse jovem e assim perguntou de forma direta e com o olhar fixo seu nome e de onde vinha? Ela fez questão de franzir a testa indagando que só dariam continuidade a conversa se agora as coisas fossem mais claras!


Sem mostrar qualquer reação diferente, o jovem lhe disse que Mujura era seu nome e disse que vinha de um longínquo bosque de fronteiras que com certeza ela nunca tivera cruzado e que ele morava dentro da Árvore do Sofrimento, árvore essa que existe desde a criação do mundo, a mais antiga e mais infeliz de todas! Mas Mujura era diferente, e por gostar tanto de se divertir saía pelo mundo afora dando o que as pessoas queriam e pegando o que não precisavam mais, afinal era uma troca justa para se alcançar a felicidade, certo?


Bom, isso fazia todo o sentido na cabeça de Amyr e então ela concordou então com a proposta deste jovem. Ele sorriu novamente e ele disse que não precisavam dar as mãos ou qualquer coisa do tipo, de onde ele vinha as palavras eram as maiores ferramentas que marcavam as convicções de quem as pronunciavam e que de tão feliz que ele estava, ele iria tocar uma música para ela. De seu bolso, ele retirou uma pequena Ocarina, uma espécie de flauta e de maneira mais afinada e bela que já tivera a oportunidade de ovir, Amyr ouviu uma canção maravilhosa e que lhe encheu de esperança de que tudo daria certo. Ao final, Mujura lhe disse que logo no outro dia, seu amor se declararia a ela e ela teria tudo aquilo que sempre quis ao mesmo tempo em que ele iria partir junto com o que ela lhe deixaria.


Amyr ficou cheia de esperanças, mas relutava em acreditar. Como seria possível algo que desejava tanto parecer ser tão simples de conseguir? Assim ela voltou para a Taberna, deixando as coisas de volta a dispensa e foi logo dormir para a noite virar dia e saber se tudo não se tratara de um sonho. Barulhos de batidas em sua porta fizeram com que seus sonhos lhe fugissem, então Amyr acordou com um salto de um só pé e quando entusiasmada abriu a porta, se deparou com seu Garçom, que se chama Linguado, gritando agitado dizendo que o Padre Régulo o precisava falar urgentemente. O coração de Amyr disparou, podia sentir sua pressão aumentar, o ar lhe faltar e fez tudo o que podia para se recompor naquele momento e como se nada estivesse acontecendo ela foi ao seu encontro do padre que a esperava logo na entrada da Taberna. Estava acontecendo.


Ao se encontrar com o Padre Régulo, suas mãos tremeram, seu coração apertou, a felicidade em seu rosto era visível e iluminava aquela manhã nublada com um sol tímido, mas isso não é problema porque o clima estava perfeito para o amor e era tudo o que Amyr poderia esperar. Após se cumprimentarem de maneira habitual, o Padre Régulo lhe disse que precisavam conversar algo muito importante e pediu para que caminhassem pela vila. A ansiedade era tanta que Amyr não podia suportar, ela dançava sem sair do lugar, ela ria só de Régulo a olhar. Ela mal podia falar e parecia que ia desmaiar e já não consiga deixar seus sentimentos reprimir pois o momento que esperava estava logo ali. 


Quando chegaram à fonte no centro da vila, se sentaram na beirada, um feixe do sol parecia iluminar a fonte e um pequeno arco-íris poderia ser visto por aquele breve momento, foi então que Padre Régulo virou em direção de Amyr, olhou no fundo de seus olhos e lhe disse: 

“Não pense que eu nunca lhe notei Amyr, mas chegou a hora de eu ser sincero com você. Eu nunca poderei lhe retribuir o amor que tem por mim pois todas as pessoas que existem aqui me são importantes da mesma maneira. Eu Amo a todos como igual e espero que você me entenda que eu sempre sou Um com minhas Promessas e nunca irei abandonar minhas palavras. Fico feliz pelo amor que sente e espero que encontre alguém para lhe compartilhar este sentimento maravilhoso.”


Houve silêncio logo após as palavras do Padre Régulo, e com os olhos fixos ao chão, e a cabeça processando cada uma daquelas palavras, Amyr chegou a conclusão:

"Então ele a amava também? É só questão de ele me amar mais do que todos os outros!"


E foi a partir daí, que Amyr mudou. Aos poucos ela começou a perseguir Padre Régulo, tentou fazer de tudo para que ele passasse mais tempo com ela do que com qualquer outra pessoa da Vila. Frequentava as missas em todos os horários, ajudava nos afazeres da igreja, inventava que estava doente, dizia de forma direta à Padre Régulo que lhe amara e que tudo estaria bem se ele estivesse por perto. Na cabeça de Amyr, seria questão de tempo até que conseguisse seu amor apenas para sí e em um dia então fez o que podia para chegar mais perto desse dia. Foi enquanto que o ciúme começou a fazer parte de seu coração, afinal se ele pertencia à ela, ele não poderia estar com mais ninguém. Interromper as conversas do Padre, lhe puxar pelo braço, insistir para ficar em seu quarto, deixar marcas de dedos ao lhe agarrar com força, e só um dia quando tentou cortar a orelha de Régulo para lhe falar ao ouvido todas as noites foi que ela percebeu. Com o acordo que fizera, a promessa de amor que ouvira lhe foi tirada toda a sanidade.


Lutando contra todos os instintos que agora afloravam em seu corpo, ela volto para seu quarto, quando desnorteada, ao fechar a porta viu pairando ao seu redor como um Urubu esperando seu jantar, ela pode ver seu amigo imaginário que tinha quando era criança sempre perto dela e cada vez mais foi percebendo o quanto estava insana. Em um local que só pode notar ao se banhar, viu uma marca que não existia antes e teve certeza que era a prova de seu amor incondicional à Regulo que estava fluindo de suas partes e que fora depois de selar o acordo com Mujura que tudo isso aconteceu.


Amyr então começou a escrever sua história enquanto lhe restava alguma noção do que aconteceu, mas o amor por Régulo é tão forte, que quase me faltam palavras para continuar a escrever. Eu nunca descobriu onde encontrar Mujura novamente para implorar por minha Sanidade de volta e por isso eu devo me isolar para não ser forçada a machucar meu amor só para que ele se lembre de o quanto me ama. As vezes precisamos fazer isso certo? Machucar alguém com tanta força, para ela se lembrar que nos ama! É tudo por amor.


Desde então Amyr vive seus dias esperando, esperando e esperando ansiosa por Régulo, que logo mais virá busca-la em uma noite chuvosa qualquer, para que juntos partam para a viagem mais romântica que alguém poderia lhe proporcionar.


Régulo, eu te amo e sempre vou amar você, mesmo depois que eu morrer. 


Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2. Régulo e Amyr s2.



Fim.


História criada para acrescentar uma lenda ao mundo de RPG de mesa que tenho jogado.

Fernando Vilela Paciencia

domingo, 16 de agosto de 2020

Coisas que Escrevo 59 - Época Nostálgica

 Vivemos hoje em uma época Nostálgica, você já pensou sobre isso?


Eu não sei se você se sente assim, mas tudo o que eu vejo é sempre uma nova versão de algo que já a muito passou.

Seja um programa na TV, um filme, um desenho, e tudo isso parece querer pegar todo o apelo emocional que alguns dos mais velhos terão em redescobrir algo que eles gostavam e muito. Ao mesmo tempo que para os mais novos que podem nunca ter ouvido falar daquilo, será uma grande novidade.


Eu sempre vou ter uma certa relutância quando algo assim acontece. Claro que tudo vai depender do quanto aquilo está interessante adaptando o cenário de algo ao qual já passamos para uma nova realidade, afinal muitas das coisas que eu via quando era mais novo, não tinham um terço da tecnologia destes tempos atuais, mas o quanto isso realmente é necessário?

Já passamos por aquilo e já aprendemos com tudo isso, então porque abusar e retrazer para os nossos dias que deveriam ser tão lindos e modernos, coisas que já foram enterradas e que ficam em nossas memórias como algo que passou e teve a sua importância. Importância essa para uma mudança, um aprendizado ou quem sabe eu poderia dizer uma Evolução.


Bem apesar de tudo o que mencionei, não, eu não estou falando de uma série daquele site de Streaming ou de algum outro aplicativo que pretende reviver aquele desenho japonês velho com um novo Design. 

Eu gostaria de entender o porque voltamos a ser totalmente intolerantes com a opinião dos outros?


Eu não passei por épocas de censura ou de guerras, mas eu sinto que o mundo esteja a um passo de voltar a tudo isso. A difusão da informação hoje em dia é cada vez mais abrangente e nós deveríamos conseguir nos comunicar de maneira mais fácil, uma vez que somos tão instruídos e temos todo o tipo de informação literalmente na palma da mão, mas parece que com isso todo mundo tem uma verdade absoluta sobre literalmente tudo! Se você encontra alguém que compactue com a sua verdade, e muitas vezes essa pessoa é endeusada como um profeta, mas se qualquer pessoa tiver uma opinião contrária, é tanto ódio que se dispara. 


E a troco de que? Uma discussão nas redes pode acabar com a auto estima de qualquer um, e qual o sentido de alguém estar realmente certo ou errado? Você ter uma postagem não é só ter uma opinião que queira compartilhar? Mas no seguinte em que clica em “POSTAR” você se permite ser alvo de julgamentos e isso se não começar a sofrer abusos, ofensas e qualquer coisas que podem incluir uma perseguição na vida real ou até mesmo agressões e mortes.

Eu realmente vejo um passado que deveria estar enterrado fazendo de tudo para voltar ao presente. Ditadores que não pensam nos outros assumindo o controle, algumas pessoas que se julgam melhores ditando as regras das vidas de outros, pessoas brigando e lutando umas contra as outras e tudo por que? Por suas CRENÇAS! Por seu JEITO DE PENSAR! Por suas escolhas AMOROSAS! Por qualquer coisa que esteja diferente do modo de vida de alguns!

Pessoas estão MORRENDO, pessoas estão sendo MACHUCADAS PSICOLOGICAMENTE, pessoas estão espalhando o ÓDIO e tudo por que? Por que tudo isso tem que acontecer? Que tipo de orgulho maluco é esse que te dá o poder de ofender uma pessoa que você nem conhece? O que te dá o direito de se proclamar o ditador da justiça e da verdade? Você nem mesmo sabe qual é a verdade! 


Tudo tem uma justificativa na sua cabeça, e não importa se a pessoa lhe diz que “você poderia prestar atenção um pouco no que estamos conversando?” por que ela sente que você não está ali e expressou isso à você, mas você logo confronta algo que está transparecendo se defendendo com todas as suas justificativas que ao menos fazem sentido, e tudo por que? Porque você quer estar certo até mesmo sobre o sentimento de outra pessoa e se ela está vendo você de outra maneira ela está lhe vendo errado e ela tem que se corrigir, porque você está certo!

 

Com toda tecnologia e toda a informação, o que está acontecendo que as pessoas estão se esquecendo como é interagir umas com as outras? Quando temos tantos modos de estar mais próximos, parece que cada vez ficamos mais distantes uns dos outros e ninguém mais se importa com o que precise fazer, todos só se importam em fazer com que ninguém fira a sua verdade!

Eu estou quase me preparando para viver tempos negros, onde pessoas vão andar com os celulares acesos sobre suas cabeças, vestidas com alguma cor que supunha supremacia e arrastando as suas verdades pelos outros, ou pior ainda, proclamando morte a pessoas de um sexo diferente dos padrões ou uma cultura com a qual não concorde ou ainda por ela não gostar de beber Água!?

O mundo está mudando, e essa involução está me trazendo uma sensação muito nostálgica de coisas horríveis que já passamos, e se chegar num ponto que ter coisas melhores nos deixará menos favoráveis a conviver em um mundo com outras pessoas, onde iremos parar?


Espero que em algum momento possamos nos lembrar de ter empatia com os outros, nos lembrar de sermos humildes e reconhecer que outra pessoa também pode estar certa e acima de tudo, nos lembrarmos que o mundo precisa de informação sim para crescer ainda mais, mas não podemos deixar de lembrar que a DIVERSIDADE EM TUDO precisa ser ouvida, respeitada e o mais importante compreendida.


Eu não quero voltar mais a ter essa sensação Nostálgica ruim. Tudo o que eu quero é me lembrar de quando eu comia Mousse de Maracujá da minha avó enquanto ela sorria pra mim.

As pessoas precisam se lembrar de compartilhar Mousses por aí ao invés de Ódio.



Fernando Vilela Paciencia.

domingo, 5 de julho de 2020

Coisas que Escrevo 58 - Mediano.

Você já quis ser o melhor ou fez o muito mais além por alguma coisa?


Eu nunca pensei que poderia fazer algo tão além assim e me pergunto se isso é normal?

Durante toda a minha vida, tudo o que fiz foi basicamente me preocupar em manter as coisas na média.


Um aluno mediano.

Um filho mediano.

Um desenhista mediano.

Um tocador de violão mediano.

Um escritor bem abaixo da média.


E para mim, esse era o melhor jeito de levar a minha pacata vida.


Um universitário mediano.

Um namorado mediano.

Um noivo mediano.

Uma pessoa que no meio de todas as outras você nunca iria notar, afinal, eu sempre fui mediano.


Eu sempre pensei que esse era o melhor jeito de viver.


Problemas medianos.

Empregos medianos.

Salários medianos.

Conquistas medianas.

Escolhas que eu decidia só pensando no que me daria menos trabalho.


Para mim tudo estando nesse jeitinho já estava bom. 

Eu não era bom em nada e não seria ruim em nada que me propusesse a fazer.

Sem o que pensar ou me preocupar. 

A média é bem confortável.


E foi em dia como outro qualquer que eu comecei a dar todo o meu melhor.


Terminar coisas que comecei e abandonei.

Resolver problemas que eu achava que não teriam solução.

Me esforçar para fazer a diferença.

Mostrar a quem estivesse a minha volta que eu estava ali.

Me doar com todo o meu coração em tudo que estava fazendo.


É engraçado porque eu estava bem confortável com tudo até ontem, mas hoje algo em mim mudou e eu estou com essa vontade. 

Vontade de entender o que despertou aqui dentro e que está me fazendo caminhar em direção a um futuro.


As pessoas me dizem que eu sempre fui assim, mas isso é mesmo verdade? 

Eu sempre fiz as coisas tentando ser só um cara, mas o que viam em mim não era bem isso.

Alguém presente, compromissado, ouvinte, dedicado, gentil, preocupado. 

Adjetivos que eu nunca usaria para me descrever e tudo por que? 

Porque eu estava tão fechado para não me preocupar que me esqueci do que realmente eu deveria prestar atenção.


Eu deveria ter dado muito mais atenção para esse cara que eu vejo quando olho um espelho.

Será que eu teria feito muita coisa diferente?

Sabe, eu não sei.

Eu paro e penso que tudo isso teve um ponto de partida, então se eu mudasse as coisas, será que esse acontecimento que me fez ver que eu sou diferente aconteceria?


Eu finalmente entendi que eu não faço parte de uma métrica.

São tantas pessoas diferentes, agindo de maneiras diferentes, e o que elas levam?

Ações, conselhos, sorrisos, dor, são tantas coisas que parecem mesmo ser iguais quando você diz, mas elas são incrivelmente diferentes para cada uma das pessoas.

Tento girar e girar e tudo isso sempre me leva ao mesmo ponto de partida. 

Que a partir do momento em que eu olhei para mim mesmo, eu já não era um cara mediano.

Altos, baixos, mas ninguém vai ser igual ao que eu tenho dentro de meu peito. 


Eu entendo isso agora.


Se ninguém nunca vai ser igual eu nunca vou estar na média. 

Posso talvez fazer mais ou menos, mas isso sempre vai ser relativo a quem está avaliando e o que está sendo levado em consideração.


Poxa e se tudo depende de tanta coisa que está tão além da minha percepção, porque então eu não fazer!? 

Eu não ser!? 

Vai dar trabalho!? 

Não vai!?

Isso já não me entra mais na balança.


Naquele dia, em que você me perguntou quem eu queria ser no meu amanhã, eu olhei para quem eu sou hoje.

E eu só tenho a agradecer, porque o cara que eu vou ser amanhã, sempre vai ser quem eu fui esse tempo todo, sempre vai ser o que eu sou hoje e de diferente?


Esse cara que eu percebi só agora vai me dizer que eu, sou o Presente.


 

Fernando Vilela Paciencia.

terça-feira, 13 de março de 2018

Coisas que Escrevo 57 - Melissa.

Sabe, hoje eu quero fazer algo diferente. E com diferente eu quero dizer que vou fazer algo que está ainda mais longe de qualquer outra coisa que eu me imagino fazer, mas o que exatamente?

Foi com esses pensamentos que eu me lembro de ter acordado naquele primeiro dia, e que muito provavelmente foram esses pensamentos que me levaram a dar início ao momento em que eu estou hoje.

Eu já havia feito de tudo até aquele momento, pelo menos tudo o que eu conhecia em meu pequeno mundo. Já tinha aprendido a me expressar, a tentar barganhar quando queria algo, a conversar com estranhos, a desenhar em meu bloco de papel, a brincar nas ruas, a chorar por manhã, a usar as coisas que vinham a ficar cada vez mais avançadas com o passar do tempo, se eu fosse resumir poderia dizer que já havia feito tudo de uma vida. Mas foi aí que você por um mero acaso descobre que não é bem por aí. E foi assim que conheci, Melissa.

Só por curiosidade, comecei a me aventurar no que estava na moda naqueles tempos. Estava sendo introduzida uma nova forma de conhecer desconhecidos. Fazer coisas irreais se tornarem reais e tudo partindo de uma simples conversa através de uma tela digital. Para todos, aquilo era muito revolucionário, mas para mim era apenas um meio de se jogar um jogo virtual com alguém a quilômetros de distância. Mas como qualquer outra pessoa curiosa quando compra um brinquedo novo, logo fui me aventurar pelos meios virtuais que me levariam a encontrar e conversar com alguém, com Melissa para ser mais exato.

Aos poucos me familiarizei com as maneiras de como as pessoas interagiam nesses ambientes virtuais, comecei a entender as nomenclaturas, as formas mais rápidas de chamar uma atenção e partir para a razão de todo esse sistema existir que era de fato, conhecer alguém. Sempre que eu tentava me conectar, tentava por horas a fio encontrar alguém que tivessem coisas semelhantes comigo, mas muitas eram as conversas frustradas ou irrelevantes que me levavam ao que logo viria a me fazer perder o interesse por aquela coisa tão mirabolante. Conheci algumas pessoas sim, isso eu não posso negar, mas nenhuma que me fizesse acreditar que algo virtual pudesse se tornar de fato algo mais, que pudesse virar algum tipo de realidade.

Foi então que em uma das seções eu me deparei com Melissa.

Em uma noite como outra qualquer, no meu dia de folga, estava eu a digitar com outras pessoas, sem nenhuma pretensão, pois já sabia que de nada me levaria as conversas vazias que vinha tendo, e foi quando assim de repente alguém me chamou para conversar. Como qualquer início de conversa, a primeira coisa é saber de onde a pessoa é, para se ter uma ideia do quão difícil vem a ser levar uma conversa mais a fundo, afinal sendo pessimista, depois de muito o que conversar o ideal é marcar de sair com a pessoa que está a tanto tempo conversando contigo, afinal, será a primeira vez que você vai ver aquela pessoa que já estaria instalada em sua rotina. Fiquei meio perplexo por ela morar do outro lado do país em que eu moro e mesmo já desanimando no início por saber que nunca viria a conhecer, decidir ser bem-educado e continuar a conversar com ela, apenas para passar o tempo. Eu comecei aos poucos a me apaixonar. Tudo nela era extremamente interessante, as coisas que ela gostava, o modo como ela pensava, as coisas que já havia feito, tudo tinha um quê, que me deixava cada vez mais interessado naquela que eu havia a pouco conhecido. As horas se passaram, mas a impressão que eu tive era de que foram apenas alguns minutos de tão em bom tom que a conversa caminhava, mas logo chegou a hora de nos despedirmos. Como eu poderia deixa-la escapar por entre os meus dedos, agora que eu havia encontrado alguém que realmente valia a pena? Meio sem jeito lhe perguntei se ela voltaria no dia seguinte e para minha surpresa ela concordou desde que eu acessasse também o mesmo objeto de interação. Combinamos mais ou menos um horário de nos “encontrarmos” e assim, fomos seguindo dia após dia.

Era tão incrível conversar com ela, como isso era possível? Nós sempre marcávamos nossos encontros e tanto um quanto o outro sempre estava lá, na hora que marcávamos. Não era uma lei, era só vontade de conversar entende? O papo, as brincadeiras, as lamentações, as felicidades, tudo nos era compartilhado e eu sem saber ia cada vez mais me interessando e me apaixonando por aquela moça que eu nunca tinha visto, mas que eu sabia que ali existia, porque não era possível alguém inventar tantas coisas sobre sua vida assim sem mais nem menos, e a troco de que? Afinal tudo o que tínhamos um do outro, eram as conversas.

Com o passar do tempo, queríamos deixar as coisas mais pessoais e eu lhe dei o meu contato de correspondência direto e partimos do canal digital em grupo para conversas de um com o outro e mais ninguém. Não que fizesse alguma diferença, porque quando ela estava comigo eu não conseguia prestar atenção em mais ninguém que me chamava nas conversas, afinal tudo o que eu havia procurado desde então, estava comigo ao meu “lado”.

Um dos momentos mais difíceis que passei com ela foi quando ela me pediu que enviasse uma foto. Além do fato dela pedir para eu lhe enviar algo meu, qual foto eu deveria escolher dentre todas as que eu tinha disponíveis em minhas mãos? Eu não parecia bonito em nenhuma! Será que o problema era que eu não era bonito então? E se ela também achasse que eu não era o bastante e sumisse? E se por isso ela nunca me mandasse uma foto? Eram tantas as minhas dúvidas que demorei alguns dias até me decidir, mas mandei a foto que eu achei que estava em melhores condições e esperei. Não demorou muito para ela receber e dizer que eu era tão lindo quanto ela esperava e quando eu recebi a dela eu tive a certeza de que a projeção de Melissa que eu tinha meus pensamentos, batiam exatamente com a senhorita que agora eu tinha a visão. Como eu estava feliz e cada vez mais apaixonado.

Foi depois disso que o fator distância começou a incomodar. Afinal agora tudo o que faltava era vê-la pessoalmente para poder ouvir sua voz também. Sim, eu até então não tinha ligado para ela, pois estar do outro lado do país, tornava inviável tal necessidade, então a forma mais tranquila de ouvir a doce voz dela viria a ser encontra-la pessoalmente, mas como? Ela estava a literalmente milhares de quilômetros de distância e eu não tinha como me locomover sem nem ao menos dirigir. Foi então que tive uma ideia, chegaria o final do ano e eu poderia pedir de aniversário um presente à um tio bem próximo, que no meu aniversário costumava atender um pedido meu. Fui até ele e disse minha ideia, dele me levar até lá para que eu pudesse encontrá-la. Ele achou de uma extrema bobagem, mas quando chegasse a hora disse que conversaríamos.

Ansiosidade me definia. Eu já havia contado a Melissa sobre a grande novidade e ela ficara extremamente feliz, tanto quanto eu e eu comecei a contar os dias para chegar. Conversávamos tanto, nos curtíamos tanto, e queríamos tanto nos ver que eu não via o porquê esperar tanto por algo que poderia fazer toda a diferença. Pensei em algo durante dias, e o que me fez parecer meio estranho para as pessoas, só desabrochou no dia em que eu lhe pedi, “quer namorar comigo?”. Foi com essa frase que eu escrevera a última mensagem para a Melissa.

Não tive resposta aquele dia. Bem ela poderia estar ocupada e não teve tempo de ver suas mensagens.
Não tive resposta no dia seguinte. Bem ela poderia estar viajando e se esqueceu de me avisar.
Não tive resposta naquela semana. Será que aconteceu alguma coisa?
Não tive resposta na outra semana. Bem, eu fui o mais idiota de perguntar algo assim por mensagem eletrônica. Ele deve ter perdido todo o interesse em mim e agora está com medo de falar comigo e eu a pedir em casamento. Como eu posso ser tão burro dessa maneira?
Não tive resposta naquele mês. Será que ela está doente? Será que aconteceu algo mais grave?

Eu tentava me segurar, mas a vontade de entender o que havia acontecido era grande demais. Eu havia mandado outras mensagens pedindo desculpas, perguntando se eu apressei demais as coisas, se ela estava brava, se tinha acontecido algo, me lembro do dia de escrever chorando se ela poderia conversar comigo apenas para eu saber se ela estava bem. Ela nunca retornou.

Como as coisas passam, essa era mais uma delas e demorou acredito que três meses para eu ficar tranquilo e relevar o que viria a ser um ano perdido para meu coração. Eu havia encontrado algo naquele treco eletrônico e quando tentei trazer para o mundo real por acreditar que estava pronto, o mundo desabou sobre a minha cabeça. O aprendizado ficou e a distância das coisas que me lembrassem de Melissa era inevitável.

Foi quando em um dia durante a semana, eu recebo uma mensagem eletrônica dela.

“Olá. Meu nome é Juliana, e eu estou mandando essa mensagem com um grande aperto em meu coração. Eu e meu marido discutimos muito antes de eu enfim lhe escrever mas acho que você que abriu tanto seu coração deve ao menos uma explicação sobre o que aconteceu. A Melissa nunca existiu. Por estarmos com tédio, eu e meu marido entramos na rede social de conversas digitais e resolvemos que iriamos conversar com alguém e inventar sobre alguma pessoa apenas para nos distrair, e naquele dia era você que estávamos a conversar. Por pura brincadeira resolvemos deixar a coisa evoluir e ver até onde iria, por isso tudo o que falávamos era invenção, entravamos sempre para ver até onde sua ingenuidade ia, e cada vez mais mentíamos para ti inventando alguma nova história sobre algum assunto que liamos, ou que pensávamos só para fazer mais crível essa história. A foto que mandamos, é de uma garota de verdade sim, mas a pegamos no acesso de procura universal. Digitamos uma palavra chave qualquer e a foto da garota que mais se assemelhava aos nosso relatos foi a escolhida e lhe enviamos sem compromisso nenhum. E por mais incrível que possa parecer, acredito que ainda estaríamos conversando com você falando em nome de Melissa, se você não tivesse feito o que fez. Quando recebemos o seu pedido de namoro, foi como se um choque de realidade batesse em meu coração, até onde estávamos indo com uma criança que mal sabe interpretar o quanto a vida pode lhe enganar? Foi quando desaparecemos e paramos de lhe responder. Meu marido era da opinião de apenas sumir e esquecer tudo o que lhe fizemos, que uma hora ou outra você iria cair em si e deixar as coisas seguirem, mas pra mim, eu queria muito lhe contar a verdade, acho que pelo menos isso é algo que eu lhe devia e por isso eu estou aqui lhe mandando essa mensagem e lhe pedindo minhas sinceras desculpas.”

Acredito que depois de ler, foi como se o meu tempo ali estivesse congelado. Eu durante vários minutos não consegui desviar o meu olhar mas meus olhos não paravam de se mover, relendo algumas partes aqui e ali de tudo o que eu havia recebido. Palavras chaves pipocavam em minha mente e eu acredito que naquele momento eu consegui ouvir, o meu castelo ruindo pedaço a pedaço.

Silêncio.

Me levantei, apaguei a última e todas as mensagens anteriores daquele destinatário fui até meu quarto e chorei. Não consigo mensurar a dor que tive naquele dia em saber que tudo o que acreditara naquele mês não passara da invenção da cabeça de duas pessoas. Eu não conseguia acreditar no porque de ter acontecido logo comigo, algo tão surreal assim, afinal eu era o último a acreditar que algo daquele mundo poderia se tornar realidade, mas ainda sim, mesmo despois de ter tanta certeza de que tudo não poderia passar de conversas jogadas ao vento por pessoas que perdiam tempo, eu em alguma brecha me permiti sonhar e deixei alguém entrar. Então porque, logo a pessoa que eu permiti fazer parte de meu mundo não existia? Irônico não é? Você acreditar tão cegamente em alguém que não vê, que nunca esteve realmente ali, mas que consegue te fazer se entregar tanto e com tanta força, força essa que agora eu conseguia sentir em meu peito. A vontade de puxar ele com toda a força e jogar para um lugar tão escondido, que nunca, ninguém mais poderia encontra-lo para que ele nunca mais fosse machucado. Eu chorei. E chorei por muito, muito tempo sem que ninguém soubesse, afinal eu fui enganado e não deixaria ninguém descobrir mais isso. Ninguém descobrir mais quem eu sou. Ninguém mais deve entrar, porque em algum momento, eles vão me machucar. Eu sei. Eu sinto isso. Eu estou chorando por ser tão idiota a esse ponto, mas eu nunca mais vou me deixar levar. Nunca mais vou deixar que me enganem dessa maneira tão despretensiosa. A mentira que eu me permiti viver é a maior mentira que alguém pode encenar, mas agora, agora todas essas lágrimas e dor vão me fazer lembrar do porque eu não devo deixar ninguém fazer parte de minha vida.

Silêncio.

Queria poder conversar com Melissa...


Fernando Vilela Paciencia.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Coisas que Escrevo 56 - Em uma Noite Qualquer.


Em meio a tanta coisa amontoada no meu dia a dia, eu hoje quando distraído, percebi que estava contemplando o céu.

Deixei por alguns poucos segundos de pensar no quanto eu preciso de dinheiro, no quanto eu preciso estudar, no quanto eu preciso correr, no quanto eu preciso trabalhar e nesse momento eu olhei para as estrelas. Hoje está uma bela noite sem luar. O vento abafado entra pela minha pele, mas eu não me importo porque eu sei que este vendo úmido está a me preencher de tal maneira com que eu consiga enxergar além de meus problemas, além de minha vida, além de meus pensamentos.

Estou parado em plena multidão, multidão essa de pessoas que assim como eu não conseguem perder seus preciosos segundos para reparar naquilo que está além dos seus olhos. Esquecem do porque estamos lutando tanto para conseguir um lugar e ficam andando de um lado para o outro tentando encontrar a reposta para alguma pergunta que nunca lhe foi feita. Não conseguem ver algo que está diante de seus olhos, tão sublime, perfeito e que por um mero capricho nos foi deixado como lembrete, lembrete de que não somos o centro da vida, e sim que a vida é o centro de tudo.

Um tudo que só existe para que não possamos suspeitar que haja um nada.

Eu estou aqui parado em meio a isso tudo e nesse instante me encanto em perceber que hoje é uma bela noite de verão. O calor que de manhã era insuportável devido aos meus trajes de trabalho agora não são tão relevantes, o término do meu horário de almoço e a necessidade de que preciso voltar ao trabalho, não é mais importante do que o que eu consigo agora enxergar.

Agora eu entendo que eu não devo mais voltar a ser aquele que eu era a alguns minutos. Alguém que só se importava com as aparências, dinheiro e com tudo o mais que o mundo adulto me ensinou a cultivar e a buscar. Enquanto estou parado e olho as estrelas, lembro que existe um motivo sim para lutar, mas também que existem muitos outros para sorrir.

Eu estou aqui sozinho no meio de todas essas pessoas. Sei que devo estar sorrindo porque isso não sai da minha cabeça e eu acho muito engraçado ter demorado tanto para perceber algo tão simples. E talvez seja essa mesmo a graça, a de não saber o que fiz até que esteja feito. Acho que é isso mesmo. O céu está tão lindo hoje. A brisa aconchegante. As estrelas tão brilhantes. E a minha vida tão simples.

Eu vejo hoje o quanto sou pequeno no meio de tantas maravilhas, que por capricho de ninguém conseguem fazer o ciclo mais equilibrado que eu poderia imaginar. Enquanto eu estava tão fadado a me lamentar transformaria essas reclamações em uma rotina, quando que na verdade eu deveria era aceitar tudo o que acontece e tentar me transformar. Transformar tudo o que preciso mudar em coisas que posso conseguir com bastante esforço. Meus medos são tão pequenos perto do mundo que posso conquistar. Em qual momento de minha vida será que me deixei desacreditar dos sonhos? Em qual momento eu me perdi do caminho e me escondi cada vez mais para nunca mais alguém pudesse me encontrar?

Eu não sei. Eu não consigo me lembrar mais de coisas de quando eu era só um menino, mas depois de hoje eu agora sei uma maneira de me guiar. É muito engraçado chegar nessa conclusão hoje e bem no momento em que eu acabei de fazer algo que deveria ter feito a séculos. Parece que o que fiz era o suficiente para me dar o estalo de que eu precisava para me livrar dessas amarras que eu sinto ter, e eu não posso lamentar sobre o que vai acontecer a partir desse momento.

Tem uma coisa que eu me lembro. Eu me lembro de como o dia começou hoje. E me lembro como eu achei que fosse acabar, mas a partir do momento em que você disse "eu também te amo", de alguma maneira essas palavras me fizeram renascer. Eu não imaginava o que essa pequena frase pudesse fazer ao meu coração antes destroçado por muitas outras coisas, mas agora que essas palavras foram ditas, me pego parado no meio de milhares de pessoas que vem e que vão, de pé olhando as estrelas, pensando em você e com um único sentimento em meu coração.

O de que é com você que eu espero me casar.


Fernando Vilela Paciencia.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Coisas que Escrevo 55 - O meu Desejo.

Quantos desejos seriamos capazes de realizar se tivéssemos a oportunidade?

Se eu parar para pensar, eu gostaria realmente de realizar apenas um desejo. De que todas as pessoas fossem felizes.

Eu desejaria que cada pessoa que está a minha volta pudesse encontrar tudo aquilo que sempre quis, aquilo porque luta e tudo aquilo que acreditasse que merecesse.

E eu desejaria que essas pessoas tivessem todas as coisas maravilhosas da vida apenas pelo simples fato de estarem ao meu lado durante todo esse tempo, por me apoiarem e me ajudarem em todos os momentos que eu mais precisei.

E como eu não tenho um gênio da lâmpada que possa me ajudar a conceder meu único desejo, eu venho hoje até vocês, para dizer "OBRIGADO".

Sei que em muitos momentos eu devo ter parecido ausente, ou até mesmo presente de mais.... Sei que deixo o meu aplicativo de mensagens instantâneas ligado no computador enquanto estou fazendo qualquer outra coisa o que faz parecer que ainda estou ali, e quando você me chamar eu não vou responder imediatamente mesmo "estando disponível" porque eu não estarei ali naquele momento. Sei que as vezes eu lhes envio mensagens durante todo o dia e no mesmo instante que você me responde eu já envio algo de volta, e se por algum acaso você estiver atarefado com algo que não seja eu, isso me trará um sentimento de que você não está comigo, mesmo que você esteja apenas terminando as suas coisas e que logo menos virá falar comigo.  Eu entendo que sou ciumento e as vezes possessivo e nem sempre dou a reciproca a você que com certeza também precisa.

Você estava aqui ao meu lado e sabe que eu estive em um momento muito delicado da minha vida. Fiz coisas que ninguém acreditaria que eu pudesse fazer e é uma das razões pelas quais alguns me condenaram. Outros apesar de concordarem com as atitudes que eu tomei, mesmo assim disseram que eu estava agindo de uma maneira errada. Mas entre esses e outros sei que alguns como você, ficaram do meu lado.

Em muitos momentos eu sei que errei. Eu não sou perfeito. Sou chato, criança, bobo, orgulhoso, teimoso, preguiçoso, pessimista, chorão, sou muito exagerado no que sinto e tenho muitos outros defeitos. Mas pode ter certeza que eu nunca quis fazer ninguém sofrer ou chorar pelas coisas que eu fiz. Eu de todas as pessoas que você pode conhecer, acredito que seja aquela pessoa que sempre vai pensar primeiro na outra pessoa. Se você estiver com sede, eu irei e comprarei um refrigerante com a desculpa de que estou com sede também, vou dar uns dois goles e deixo o restante para você. Se você estiver com fome, eu vou te chamar para comermos mesmo que eu tenha acabado de almoçar. Quando quisermos algo em comum pode ter certeza de que você virá em primeiro lugar. Pelo menos é assim que eu me imagino.

Eu me pergunto as vezes se eu sempre fui assim? Ou se eu me mantenho seguindo essa mesma convicção ao passar dos anos. Talvez isso não seja um defeito e sim uma qualidade muito grande. E por mais incrível que possa parecer, quando eu imagino que sei o que é melhor a ser feito eu acabo descobrindo que o que fiz na verdade acabou sendo a pior decisão que eu poderia tomar. Mesmo que eu houvesse agido na melhor das intenções acabo machucando alguém que eu só queria proteger.

Talvez isso possa ser classificado como orgulho. Eu coloco na minha que cabeça que eu estou fazendo o certo e não dou o braço a torcer. Eu nunca entendo exatamente como as coisas chegaram até o ponto em que estão, onde eu abri meu coração e disse tudo o que pensava e fiquei esperando. Esperando algo acontecer depois que eu tomei uma decisão. Esperei por muito tempo até que eu esgotei. Esgotei minha vontade, esgotei minha razão, esgotei meus sentimentos, esgotei minha paciência. Esperei por muito tempo até que eu esgotei.

Cheguei em um momento em que meu castelo de areia desmoronou e não quero mais reconstruí-lo a partir dos seus escombros. Vou jogar um balde de água no meu castelo para que assim ele possa desaparecer, quero sentar e ficar admirando-o enquanto seus alicerces húmidos comecem a ruim e ele se desfazer a cada segundo a mais, para que depois eu possa me erguer e bater com minhas mãos transformando esse monte de areia molhada em uma outra superfície lisa e de novo eu possa começar algo do zero. Quero tentar reconstruir todos os meus sonhos, pedaço por pedaço, caminho por caminho e escolha por escolha.

Mas o que eu deveria fazer para conseguir realizar esse meu desejo? O desejo de desfazer qualquer outro erro meu para conseguir fazer com que todos sejam felizes?

Eu estive com muita dor. Ouvi coisas que não queria por um tempo maior do que pude suportar e acabou que hoje eu explodi. Estou cansado. Eu sempre penso no melhor para todo mundo e acabo sempre ficando para traz. E quando eu paro para pensar, por conta desse meu jeito de tentar sempre fazer com que os outros estivesse em primeiro lugar eu acabava logo ficando em segundo plano, eu sempre me sabotava para que ficasse em segundo lugar. Será que esse é o melhor jeito de buscar o que eu estive procurando a minha vida toda?

Hoje você não está mais sozinha, encontrou alguém que partilhasse da mesma necessidade que você e suprimiu todo o vazio que eu deixei em seu caminho, enquanto eu... estou lhe vendo pelas costas novamente. Eu me privei de muitas oportunidades que poderiam ter feito toda a diferença em meu caminho só para lhe ver feliz, e inacreditavelmente é exatamente assim que você está hoje. Feliz. E eu não pude calcular isso antes, de que a sua felicidade de agora que foi baseada em minhas atitudes iria me doer mais do que eu poderia imaginar. Me dói saber que você está sem mim. Eu te dei o espaço que você pediu e me dói muito saber que você o ocupou com outra pessoa.

É por isso que venho até aqui hoje. Para lhe agradecer e me despedir. Eu vejo agora que talvez tenha conseguido lhe fazer mais feliz do que em qualquer outro momento em que passamos juntos, eu agora poderei deixar de achar que sei o que é melhor para os outros e fazer com que cada um decida o que é melhor para si, eu agora poderei descansar finalmente da sensação de não ter alguém ao meu lado. Eu agora termino o que um dia comecei. Há tantas coisas que gostaria de gritar, de ouvir, de lamentar, de chorar. Mas somente em minha solidão eu poderei fazê-lo. Agora, meu silêncio será eterno.

Eu não sei se com isso eu consegui realizar o desejo de alguém que eu amo, mas eu finalmente estou tentando realizar um desejo só meu. Eu me levanto e jogo fora cada lembrança sua, cada sentimento que possa ter existido, eu me desfaço de cada presente, cada amarra, cada recado e cada costura que você possa ter feito em meu coração. Eu vou sangrar de novo, vou me mutilar de propósito, vou gritar e vou querer morrer, mas ainda assim, eu vou aguentar tudo o que vier em busca de uma única coisa.

Estarei em busca de uma nova felicidade.


Fernando Vilela Paciencia.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sonhando em Amar.

Amor como flor, é igual a Cor.
Sonhos,
Liberdade,
Coragem!

Pessoas importantes não se compram.
Mas se vendem aqueles que não sonham.
Insanidade está nos olhos de quem vê,
O que o coração não consegue segurar.

A maior beleza de todas,
Só se é vista,
Nos fragmentos das palavras,
E na delicadeza de um olhar.

O vento pode soprar, mas a montanha não se curvará.
Não consigo colocar as coisas no lugar, porque você ainda está aqui,
Em um lugar de meu corpo,
Que só irá desaparecer no dia em que eu morrer.

Escrito pela alma de uma flor branca,
Pedindo perdão pela volta não realizada.
Sentimentos que se perderam pelo tempo,
Em busca do sonho de um coração maltratado.

Uma flor branca que vermelhece conforme as lágrimas vão caindo.
Cada vez mais a voz me falta, enquanto eu deveria gritar com todas as forças.
Meu grito é silencioso, pois você, onde está, nunca poderá me ouvir.

Grito covarde e mesquinho.
Voz que alivia tua dor,
Enquanto teu peito se derrama em prantos.
Tua saudade passeia nos belos momentos,
Enquanto a ausência daquele olhar perturba teu sono.

Sono aquele que busco repetidamente.
Fico o máximo de tempo que eu puder aproximando-me de ti.
Sei, porém, que nada irá acontecer porque esse é um sentimento solitário.
Alguns chamam esse sentimento de esperança, mas eu diria ilusão.

Ilusão que me faz sentir a maior das mentiras,
Como se meus pés descalços pudessem correr até onde você está,
Sem que este caminho repleto de espinhos,
Pudesse me machucar.

Será essa a verdade do teu imaturo coração?
Será mesmo ilusão?
Pobre e falido,
Meu coração.

O amor vai além de barreiras colocadas pelo destino.
Não segue regras, desconhece o fim.
Caminhaste sobre os espinhos?
Sobre as sombras que te cercam?

Você tens a certeza de que a ilusão tomou conta de algo,
Algo que alegrava teu viver,
Algo que te fazia sonhar,
Em cada momento que se lembras dele.

Sentimentos ficam como imperfeições em uma escultura.
Um pedacinho de nós morre a cada dia mais, mas uma escolha foi feita.
O fogo que antes havia, agora está guardado.
Ninguém parece ter a chave, e a quem eu a ofereço, repulsiva parece ser minha idéia.

Chama.

Essa Chama vai me consumir,
Até o momento em que não aquela pessoa que possui a chave,
Mas aquela pessoa que por vontade própria resolveu roubá-la a usará.
A terra não escolhe onde as sementes serão plantadas.
Mas uma vez que uma pontinha começa a brotar,
A esperança será o que florecerá.


Escrito em 12/01/2011 – 03:45h

Regina Brito dos Santos
Fernando Vilela Paciencia